sexta-feira, 11 de maio de 2012

MAMÃE E O FEIJÃO CATADOR




           Certa vez durante a colheita do amendoim, ao chegar a hora do almoço, fomos em fila indiana com meu velho pai no fim. Quando aproximando da velha casa de barro, já se via mamãe de cócoras no terreiro, o fogo feito no chão aquecia aquele velho caldeirão, de longe já sentíamos o cheiro da fumaça e do feijão. O feijão que muitos chamam feijão de corda, mamãe chamava de feijão catador, mas nem Ela podia imaginar que naquele dia sentiria uma grande dor.
            Um de meus irmãos que à tropa fazia frente, tratou de estragar o sorriso que deixava mamãe contente; chegou esbravejando: - A gente se mata trabalhando, entra ano e sai ano, e num termina o sofrimento, feijão catador todo dia eu não agüento, vou morar com meu padrinho, lá sobra comida, e é muito pouco a lida.
            Mamãe de cabeça baixa as lágrimas do rosto escorria, notando papai chegar disfarçou que sorria, mas o velho que em nada era bobo perguntou o que acontecia... –Ora Homem, você num está vendo? É por causa dessa fumaça que meus olhos tão ardendo... Disse mamãe, a verdade escondendo.
            Depois Ela se levantou e no esteio da casa pegou uma lata de banha, foi nessa hora que eu disse a meu irmão: - Deixe de manha, senão é hoje que você apanha, e ele bem sabia, que se eu contasse a papai o coro dele estremecia.
            Mamãe misturou banha, farinha e feijão, e foi fazendo Tutu com a mão, e bem assim brincando, Ela foi nos alimentando... E todos ficaram satisfeitos, até o rabugento de meu irmão parou de por defeitos.
            Assim como todos os dias, comemos novamente o FEIJÃO CATADOR, só que dessa vez com um ingrediente próprio das mães...  O AMOR.

Feliz dia das Mães!

Josenildo Ceará