domingo, 4 de novembro de 2012

Meu cajueiro.


Aquele poderia ser um pé de caju como outro qualquer, é provável que para muitos fosse. Mas para mim e para aquela família de nordestinos era mais que isso, um pouco de exagero o cajueiro seria praticamente da família. Aliás, é impressionante a relação que há entre o caju e o nordestino.

Eu ainda sou um garotinho, mas já percebi a cumplicidade com que o cajueiro atende àquela família. Passo as tardes sobre seus galhos, abrigado na sombra terna daquele pé de caju, muitas vezes vejo alguém se deliciar com sua polpa ali mesmo debaixo da árvore, outras observo meu tio preparar deliciosas castanhas, também percebo minha velha avó recorrer à ele para fazer o suco de domingo, e ainda tem meu pai que busca inspiração para suas poesias na sombra do cajueiro, saboreando uma caipirinha de caju.

Mas aquele pé de caju não presenciou apenas doces momentos, vários membros daquela família já choraram no seu colo. Meu cajueiro além de frutos está carregado também de saudades, saudades de um tempo que eu nem sequer conheci, mas sinto quando externados da memória daqueles que vivenciaram. Ali meu avô sentado num velho banco de madeira entoava canções durante o por do sol.

Hoje o velho banco ainda resiste ao tempo, da mesma forma o pé de caju insiste em viver, apenas meu velho avô parou de teimar.


Josenildo Ceará.