Como um tiro perfeito
natural e intrigante
certeiro atingiu meu peito
na grandeza de um instante,
que se quebrou assim
não por você, não por mim,
ofuscando o diamante
que o tempo esqueceu;
menos você... menos eu.
Há apenas cinco cordas no meu violão
teu lugar continua vago
talvez sejas substituída,
não por minha mão
que em você era afago,
não sem deixar ferida
e saudades daquela canção
que o tempo esqueceu;
menos você... menos eu.
Mas preciso perguntar
porque aconteceu,
só eu sabia dedilhar
o seu corpo com magia,
que sem aviso se rompeu.
Ao menos me prometa, no céu tocar
nossa última melodia
que o tempo esqueceu;
menos você... menos eu.
O autor demonstra o desagrado que habita a alma humana, quando declara que o “teu lugar continua vago”, demonstrando uma tentativa sempre frustrada de preenchimento, não de um lugar, mas de um sentimento.
ResponderExcluirNa verdade o autor usa o momento para buscar uma situação perdida no passado, onde brigam no poema: o absoluto e o relativo. Qual a razão? Seria uma tentativa de acobertar uma inconformidade passada, brincando com a saudade? “O tempo esqueceu” – não traduz a certeza, pois em seguida ele declara: “menos você e eu”.
A dor experimentada anteriormente, se mostra agora cauterizada, anestesiada, fazendo parecer uma dor imaginária. Não tão autentica como a dor real, outrora sentida.
O autor finge um sentimento para poder intelectualizá-lo em versos.
“Com um tiro perfeito” restaram “apenas cinco cordas”, demonstra que o autor sempre dispara, propositadamente, para que sempre restem cinco cordas.
A dor do momento é imaginária, é produzida para se concretizar em poesia. Poesia essa, que revela a dor sentida no passado. Quando o autor implora pela promessa de “no céu tocar a última melodia”, instaura um momento onde imaginamos que a vida havia se perdido, não sabendo-se exatamente se no passado, ou no momento que se apresenta, estabelecendo uma equivalência, ainda que por oposição, ao hoje e ontem. A poesia transcende esse questionamento, portanto, não há saída para o autor, e a sexta corda continuará sendo um lugar vazio.
Meus parabens a cara colega Valériapor suas belas palavras.
ResponderExcluirBom, parece-me que a ilusão, a necessidade de se preecher este vazio dói mais do que a nostalgia. Uma perda talvez, algo que não se quissese mais aconteceu e fica então os porquês e sem obter a resposta pede-lhe um desejo que deixe ele tocar pela ultima vez a melodia, mas mesmo assim o vazio da "sexta corda" sempre estará ali. Ao pegar o seu velho violão, ao dedilhar as codas sentirá falta da corda quebrada e então o vazio retorná.
valéria e mikaelly, talvez o rompimento da sexta corda seja fruto de um violão que não consegue conviver com essa realidade. E esse vazio que torna a melodia sofrível e compromete a sintonia parece ter se tornado parte essencial do violão.
ResponderExcluirGrande beijo (carregado de admiração) pra vocês!
Ah, o violão...Somos versos, somos sonhos, somos erros e acertos. O violão é transitório, como nós. Mas nele gemem cordas finas e sonoras. Por vezes afinadas, por vezes criminosas.O violão não mata, tal como a faca, mas fere o íntimo, fazendo sangrar o eu, fazendo rasgar a carne, e aflorando um coração conflitante. O violão amplia, grita pelo passado que se cala, sem conseguir harmonizar.
ResponderExcluirNão poderia claro deixar de declarar que o poema é lindo palavras certeiras abrangendo todo um contexto que se deixa levar pela nossa imaginação, nosso sentimento, algo incrivelmente marcante. Sem esquecer que muitas vezes quando o poeta demora a escrever...a sua próxima poesia sempre é muito reveladora e muitos segredos e muitas interpretações. um abraço colega
ResponderExcluirGrande Bia é sempre bom poder contar com a sabedoria "fingida" de uma poetisa como você
ResponderExcluirParabéns.Pelo visto a subida até a montanha e o provar do ar rarefeito,lhe fizeram muito bem.Trouxeram-lhe inspiração e creio eu,alguma transpiração também.Como comentou a colega anteriormente,depois de um período sem escrever,porém; não sem sentir,um ostracismo necessário,revela, o seu sentir; novamente.
ResponderExcluirNão se preocupe com a corda quebrada,pois sem ela você ainda consegue tocar.Busque a harmonia...na melodia e na vida,assim quando menos esperar vai ouvir a canção ecoando por todos os cantos.
Um beijo
Dessas cordas já sairam várias notas, mas nunca a procurada... se já me satisfaço com as notas que ouço, imagino quando ouvir a que tanto procura.
ResponderExcluirAbraços! Lindo poema!
Lindo o poema, Josenildo, de uma delicadeza tocante... beijo, professora Cláudia.
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