Filho de um povo nordestino, que aqui chegaram por conta segundo eles do
destino, desde cedo na lida, uma familia numerosa e sofrida, mas que encarava
os desafios da vida.
Lembro que nosso Pai Zequinha, no fim do dia de viola na mão entoava um
repente, que deixava a gente contente.
Dos dez filhos pró-genitora, minha mãe não tinha escrita, mas parecia doutora.
No primeiro dia de aula, nos pés sandálias de dedo, dessas que cobrimos com a
calça, como se fosse segredo, a vestimenta era de envergonhar, mas lá íamos
conhecer o que era estudar.
As tarefas escolares eram feitas na luz de um velho lampião, mas ninguém
reclamava daquela condição, nossa irmã mais velha sempre que podia nos dava uma
"mão", era limitada, mas fazia questão.
Perdoem a mania de falar de mim na primeira pessoa do plural, deve ser porque
carrego sempre comigo os que tenho apreço fraternal, fazem parte de mim,
diferente disso, não seria natural.
Ao longo deste caminho, aqui acolá mudávamos de ninho, período difícil
percorrido sozinho, hora seminarista, outra militar, experiências que vieram
para somar.
Na escola, até término do ensino médio não encontramos dificuldade, porém,
ficamos dez anos "vegetando" até resolvermos cursar uma faculdade.
Nas palavras de minha mãe apegado, com vigor renovado, ouvindo: - Meu filho
será letrado.
De modo que aos 30, pelos anos envelhecido, sem ainda ter o dever cumprido,
estamos prestes a ver o nome da familia nascimento enobrecido, quem dera
estivesse vivo meu papai querido.
Por hora, vamos entoando prosa e canção; na doce companhia do velho violão.
Josenildo Ceará.